Texto: Lucas – 7.1-10
O tema sugere que o meio religioso
tem se tornado um mercado. Um mercado desses que encontramos em grandes e
pequenas cidades onde há em certas praças grandes concentrações de pequenos
comerciantes que comercializam desde alimentos até bugigangas de todas as
naturezas. E quando falamos de toda natureza, não estamos exagerando, coisas
estranhas têm sido anunciadas todos os dias. Desde cultos poderosos, óleos
cheios de unção, mãos que emanam bênçãos divinas, chaves que produzem casas,
carros, lençóis abençoados que trazem o marido de volta, travesseiros ungidos
que impedem a traição. Quando olho essas coisas lembro logo dos avisos dos
“pais de santo”, cartomantes, feiticeiros, vendendo outros produtos que muitas
vezes se confunde com o que temos visto em nosso meio, infelizmente. Então, é
isto o que temos presenciado, cada um faz como quer, anuncia como quer, oferece
um lanche, chama uma banda, um showman, faz um espetáculo, promete mundos e
fundos, uma oração no monte das oliveiras, um batismo no rio Jordão, uma viagem
à palestina, seja lá o que for que ajude a crer que algo vai acontecer. É a lei
da oferta e da procura, o que temos visto se resume na liquidação da fé, para
aqueles que podem pagar por ela.
A liquidação da fé é a banalização da
palavra, a relativização do ensino de Cristo e dos apóstolos, é o sucateamento
do relacionamento com Deus tendo em vista o prazer e a vida hedonista do homem
moderno. É por isso que tanto se fala hoje em mudanças radicais, adequação do
ensino de Cristo ao homem moderno, contextualização da palavra, do culto, das
relações entre a igreja e o mundo. Porem na tentativa de muitos em atingir
certa adequação entre o mundo moderno e a palavra “DEMODÊ”, muitos modificaram
a essência da fé cristã junto com os elementos relacionados a ela.
Transformaram assim igreja de Cristo em um grande mercado, com grandes ofertas
e as almas em clientes ávidos por uma mercadoria que lhes venham satisfazer as
necessidades terrenas, resolver assuntos urgentes. Esse mercado da fé, que
muitos denominam show da fé, tem tornado a fé bem mais que um produto, ela tem
se tornado quase uma entidade independente.
É a fé que se projeta para as
sombras, ignorando a verdade revelada; a fé que não se compromete com os
princípios, apenas com os fins; a fé que busca o produto final, mas não quer
passar pelo processo; a fé que busca a benção, mas não quer o abençoador; a fé
que ignora o corpo de Cristo, ela é individualista; a fé que não pensa na
igreja, ela é egocêntrica; e a fé não escatológica, ela só deseja esse mundo; a
fé que deseja o milagre, pelo preço da oferta; a fé que se compra, a fé que se
paga a fé que se vende.
A fé em liquidação é uma fé estranha
às sagradas escrituras ela rivaliza-se com a palavra da verdade, ela já nasce
adulta, não passou por um processo de crescimento, ela já veio sabendo, ela não
quis passar pela dor de aprender a crer, pelo sofrimento da espera, pelo temor
e pelo tremor de ser confrontado por Deus em uma oração quando ele diz sim e
quando ele diz não, essa fé liquidada é estranha nos ensinos de Cristo, porque
não aproxima o homem de Deus, aproxima mais ainda o homem dele mesmo e da sua
vida nesse mundo.
o Centurião creu no Cristo do qual ele ouvira falar. No homem que tinha autoridade sobre a terra dos vivos e dos mortos, que podia mudar a natureza comum e o destino dos fatos. uma fé pura, racional, firmada na certeza naquele que é. Sem mandingas, rodeios, elementos estranhos. Só Jesus, o que fala e as coisas acontecem.
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