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sexta-feira, 11 de abril de 2014

A Liquidação da fé


Texto: Lucas – 7.1-10

O tema sugere que o meio religioso tem se tornado um mercado. Um mercado desses que encontramos em grandes e pequenas cidades onde há em certas praças grandes concentrações de pequenos comerciantes que comercializam desde alimentos até bugigangas de todas as naturezas. E quando falamos de toda natureza, não estamos exagerando, coisas estranhas têm sido anunciadas todos os dias. Desde cultos poderosos, óleos cheios de unção, mãos que emanam bênçãos divinas, chaves que produzem casas, carros, lençóis abençoados que trazem o marido de volta, travesseiros ungidos que impedem a traição. Quando olho essas coisas lembro logo dos avisos dos “pais de santo”, cartomantes, feiticeiros, vendendo outros produtos que muitas vezes se confunde com o que temos visto em nosso meio, infelizmente. Então, é isto o que temos presenciado, cada um faz como quer, anuncia como quer, oferece um lanche, chama uma banda, um showman, faz um espetáculo, promete mundos e fundos, uma oração no monte das oliveiras, um batismo no rio Jordão, uma viagem à palestina, seja lá o que for que ajude a crer que algo vai acontecer. É a lei da oferta e da procura, o que temos visto se resume na liquidação da fé, para aqueles que podem pagar por ela.
A liquidação da fé é a banalização da palavra, a relativização do ensino de Cristo e dos apóstolos, é o sucateamento do relacionamento com Deus tendo em vista o prazer e a vida hedonista do homem moderno. É por isso que tanto se fala hoje em mudanças radicais, adequação do ensino de Cristo ao homem moderno, contextualização da palavra, do culto, das relações entre a igreja e o mundo. Porem na tentativa de muitos em atingir certa adequação entre o mundo moderno e a palavra “DEMODÊ”, muitos modificaram a essência da fé cristã junto com os elementos relacionados a ela. Transformaram assim igreja de Cristo em um grande mercado, com grandes ofertas e as almas em clientes ávidos por uma mercadoria que lhes venham satisfazer as necessidades terrenas, resolver assuntos urgentes. Esse mercado da fé, que muitos denominam show da fé, tem tornado a fé bem mais que um produto, ela tem se tornado quase uma entidade independente.
É a fé que se projeta para as sombras, ignorando a verdade revelada; a fé que não se compromete com os princípios, apenas com os fins; a fé que busca o produto final, mas não quer passar pelo processo; a fé que busca a benção, mas não quer o abençoador; a fé que ignora o corpo de Cristo, ela é individualista; a fé que não pensa na igreja, ela é egocêntrica; e a fé não escatológica, ela só deseja esse mundo; a fé que deseja o milagre, pelo preço da oferta; a fé que se compra, a fé que se paga a fé que se vende.

A fé em liquidação é uma fé estranha às sagradas escrituras ela rivaliza-se com a palavra da verdade, ela já nasce adulta, não passou por um processo de crescimento, ela já veio sabendo, ela não quis passar pela dor de aprender a crer, pelo sofrimento da espera, pelo temor e pelo tremor de ser confrontado por Deus em uma oração quando ele diz sim e quando ele diz não, essa fé liquidada é estranha nos ensinos de Cristo, porque não aproxima o homem de Deus, aproxima mais ainda o homem dele mesmo e da sua vida nesse mundo. 
o Centurião creu no Cristo do qual ele ouvira falar. No homem que tinha autoridade sobre a terra dos vivos e dos mortos, que podia mudar a natureza comum e o destino dos fatos. uma fé pura, racional, firmada na certeza naquele que é. Sem mandingas, rodeios, elementos estranhos. Só Jesus, o que fala e as coisas acontecem.

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